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Adotar uma criança: pensar antes de agir


Tem-se que reconhecer que adotar uma criança, não trata-se apenas de um ato nobre e digno, mas também é uma das formas que muitos casais encontram de ter filhos ou de ampliar a família, de dar um lar para as crianças que estão nas Casas de Passagem e abrigos. Porém, muitas pessoas na ânsia de terem um filho, não avaliam o que está por trás desta decisão, a responsabilidade que estão assumindo e que isto deverá ser para o resto da vida.

As pessoas que optam pela adoção precisam tomar consciência de várias coisas, como por exemplo: ver o histórico da criança que vai adotar, as causas que levaram a criança para o abrigo, se a criança apresentou ou apresenta algum tipo de doença grave, se os pais faziam ou não ingestão de álcool ou drogas, se existia caso de doença mental na família de origem, como é o comportamento da criança na Instituição e pedir uma avaliação médica. Só assim, podem começar a se preparar para lidar com problemas que poderão surgir, visto que existe a presença de um sofrimento psíquico na criança que se encontra nesta condição. Isto poderá fazer com que no decorrer do desenvolvimento, a criança apresente alguns problemas de conduta ou de ordem emocional e os pais adotivos precisam saber lidar com isto. Cabe sublinhar, que estes aspectos não podem ser vistos e compreendidos como fatores inibidores para a adoção da criança.

Precisam ter claro que mesmo que a criança tenha meses de vida quando for adotada, já existe no seu inconsciente, o registro da rejeição, do abandono, da negligência e por mais amor que lhe seja dado, estes sentimentos continuarão registrados lá. São crianças que sofreram abandono por parte dos seus genitores ou que foram retiradas deles por maus-tratos, negligência, abuso sexual, violência doméstica, ou seja, são crianças que trazem consigo um drama familiar e por isto, os pais adotivos precisam não só lhe dar muito amor e carinho, mas muita atenção, mostrarem-se preocupados, envolvidos com a educação, com a saúde (física e mental) da criança, terem paciência, saberem que precisarão dar limites, colocar-lhes regras, para que a criança sinta-se acolhida, amada e cuidada pelos seus pais afetivos.

Porém, não é incomum muitas famílias adotarem uma criança e depois de um tempo quererem devolver, pois não estão se adaptando, dá muito trabalho, apresenta muito problema e o casal não se sente preparado para lidar com estas situações. Esquecem que trata-se de um ser humano e não de uma mercadoria ou um objeto qualquer, que compraram, não gostaram e vão até a loja para devolver.

A criança que se encontra para adoção, inconscientemente, já não se percebe como um objeto bom, merecedor de ter um pai e uma mãe. Acredita ser tão ruim, que nem seus pais lhe aguentaram e por isto encontram-se nesta situação. Elas têm a esperança de que um dia alguém possa olhar para elas e quando isto acontece criam toda uma expectativa. Quando ocorre de serem devolvidas para a Instituição, todos os sentimentos que tinham são reforçados, a autoestima baixa, faz com que a descrença em relação a vida aumente e novas marcas psíquicas surgem na criança. Daí a importância de o casal ou a pessoa que for adotar uma criança tenha claro a responsabilidade que está assumindo, não é por ser adotado que pode ser devolvido. Trata-se de um ser humano, de um filho, portanto, é para o resto da vida.

Independente da história pregressa da criança. Ela tem direito a um lar, de ser inserida numa família, assim, como tem o direito de saber que as pessoas que lhe adotaram são seus pais afetivos, que foram gerados por um outro casal, que pelas razões deles, não tiveram condições de cria-la.

Por isso, é de suma importância pensar antes de tomara decisão de adotar e se preparar psicologicamente para receber o filho afetivo, para que não venha se arrepender e depois querer devolver. Devolver uma criança adotada é um ato muito perverso.

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