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Redes sociais e doenças mentais


O ser humano é muito interessante: ao invés de usar os avanços tecnológicos para aprimorar seus conhecimentos, encontrar pessoas que não vê há tempo, acaba, muitas vezes, trazendo suas neuroses para estas ferramentas. Não bastando isto, sofrem, porque encontram do outro lado alguém que alimente este seu funcionamento e também sofra.

Escuto muito no consultório, já faz algum tempo, que as pessoas se comunicam por mensagens nas redes sociais, uns de forma amorosa, outros de maneira agressiva. Percebi que isto cresce cada vez mais e optei por visitar as redes sociais de algumas pessoas e percebi que era real. No meu entendimento, isto não passava de uma fantasia no imaginário destas pessoas; hoje tenho certeza que não é.

Frente a esta identificação, me questionei sobre o que estava me levando a pensar que era algo do imaginário. Me dei conta que posto ou faço comentários em postagens alinhadas com o que penso. Não fico preocupada com que o outro vai pensar, se vai se sentir atingido, se vai curtir ou não, pois é a minha rede social e posso postar o que quero, dizer o que penso e quando quero, sem ter que atacar ninguém. Até porque, não tenho tempo para ficar pensando, “isto vou postar para X e aquilo para Y”, vamos combinar que é muita pobreza de espírito. Entretanto, esta é apenas a minha forma de pensar e funcionar, não significa que todos tenham que pensar e agir da mesma maneira que eu. Também percebi que não tenho o direito de ignorar uma informação que é importante e, porque não dizer, relevante, pois nos diz muito.

Esta resposta não me foi suficiente. Continuei a pensar e me dei conta que as redes sociais acabam fortalecendo muito alguns sintomas, como por exemplo, o controle, a agressividade e o voyeurismo. Intensificam a ansiedade e geram dependência, as pessoas aproveitam para dar vazão ao seu ideal de ego, floresce o imaginário fértil das pessoas e, dependendo do caso, acabam gerando sofrimento, desavenças e exposições desnecessariamente.

Podem me chamar de antiquada ou ultrapassada, mas ainda acredito que quando existe algo, as pessoas precisam falar olhando olho no olho, pois isto pode quebrar as falhas de comunicação, as desavenças e o desentendimento. Decodificar o que o outro quer nos dizer, saber compreender o que existe entre o significante e o significado num diálogo, saber escutar e interpretar o que realmente a pessoa está nos dizendo já é difícil pessoalmente, imagina nas redes sociais, através de postagens. Confesso que isso é muito louco para minha cabeça!

Este tipo de comportamento não leva ninguém a lugar nenhum. Portanto, se você tem algo a resolver, não fique querendo interpretar a mensagem que o outro postou, talvez ele nem esteja pensando em você. Lembre-se que você não é o centro do universo e que o universo não gira em torno de você. Não se esconda atrás das redes sociais: vá até a pessoa na hora que julgar certa e clarifique. Pare de criar “nóias” na sua cabeça para sofrer.

Faça o devido uso das redes sociais de forma saudável. Agora, se você gosta de sofrer, continue achando que tudo que postam é para você, crie rusgas, se possível bata boca com o outro, pois assim estará conseguindo atingir seu objetivo.

Aprenda a viver em paz. A vida é curta para brigar e criar atritos por pouca coisa.

Paz do eu!

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