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Crença, pensamento e depressão: o que tem a ver?


Muitas vezes identificamos a depressão no paciente através da sua fala, dos seus pensamentos e de suas crenças, mesmo quando o paciente não se percebe depressivo.

Infelizmente, é bastante comum as pessoas associarem a depressão ao fato de a pessoa não querer comer, não sair da cama, não querer tomar banho, ter pensamentos suicidas. Esses sintomas se referem a um quadro de depressão grave, mas temos o estágio da depressão leve e moderada, em que as pessoas conseguem manter sua rotina, porém percebem a vida em preto e branco.

A pessoa acometida de depressão percebe tudo como um problema, como algo difícil, acredita que as coisas boas não são para ela, que não é merecedora, que não tem capacidade. Esse tipo de pensamento e fala estão associados aos pensamentos disfuncionais que estão vinculados as crenças.

O que é um pensamento disfuncional?

Como o próprio nome diz, “não funciona”, ou seja, não existe nada que comprove a veracidade do pensamento. E para chegarmos a essa conclusão, nos valemos da técnica de questionamento socrático, a fim de mostrar para pessoa que aquele pensamento é uma criação sua e que não existem elementos que o tornem uma verdade absoluta.

Os pensamentos disfuncionais se formar através da percepção da pessoa em relação aos fatos e isso se dá em função das suas crenças.

Crenças, afinal o que são?

As experiências vivida por cada pessoa é que definem a forma como ela irá perceber a si, o mundo e os outros. As vivências que a pessoa teve no núcleo familiar, com professores, com colegas, com amigos, com cuidadores acabaram influenciando na sua forma de pensar, de agir e de sentir. Essas informações é que acabam formando as crenças. As crenças influenciam o modelo cognitivo das pessoas e considera-se, na terapia cognitiva-comportamental, que a forma como a pessoa percebe e elucida as situações acaba interferindo nas emoções e no comportamento do indivíduo.

Sendo assim, a maneira que cada indivíduo vê as situações que se apresentam, está vinculado as crenças que se manifestam em forma de pensamento. A compreensão se dá conforme o nível de cognição da pessoa.

Crenças mais comuns:

Não é para mim; não sou capaz; não sou merecedor; vim ao mundo para sofrer; ninguém gosta de mim; todo mundo me rejeita; as pessoas não são confiáveis; na minha vida tudo é difícil; tudo que faço dá errado; o mundo conspira contra mim, as pessoas estão sempre armando para mim; nasci para ser pobre; só vou ganhar dinheiro se fizer coisa errada; não vai dar certo, etc. Poderia elencar várias outras crenças, mas o foco não é esse e sim apenas apresentar algumas delas, já que as vezes, a pessoa não a reconhece como uma crença quando ela se apresenta através dos pensamentos disfuncionais.

É comum o indivíduo se apropriar desses pensamentos e crenças e passar a viver com eles, como se fosse uma verdade absoluta. Desconhece ou não acredita que possa se libertar desse modelo cognitivo que desenvolveu, tornando sua vida mais leve.

Depressão, crenças e pensamentos disfuncionais, qual a relação?

A depressão é uma doença cuja as causas são multifatoriais. A pessoa depressiva, por vezes, tem dificuldade de reconhecer ou apresenta resistência em relação aos sintomas e acaba sofrendo desnecessariamente.

Sendo sabedores que o nosso modelo cognitivo está relacionado as crenças e que essas se manifestam como pensamentos, portanto precisamos estar vigil ao que pensamos. O pensamento interfere no humor. O humor vai depender da maneira como a pessoa está olhando para os fatos da sua vida e o colorido que está dando a ela.

Pessoas que pensam sempre o pior, que dão um peso maior para as situações e que por vezes tem um olhar distorcido para os fatos, são pessoas com maior facilidade de apresentar um quadro depressivo. Acabam se amargurando desnecessariamente com as situações que a vida lhe presenteia.

A melhor maneira de viver a vida é encarando a realidade e assumindo a responsabilidade pelas situações que se apresentam.

A pessoa com depressão vê normalmente a vida em preto e branco, reclama de tudo, não tem esperança, se coloca muitas vezes como vítima da situação e dependendo, não enxerga saída para nada. Sem falar que apresenta desanimo, cansaço, falta de esperança, fica com humor irritável, apresenta choro fácil, faz quadro de hipersonia ou de insônia, apresenta alteração de apetite, entre outros sintomas.

O que fazer para evitar a depressão

Prestar atenção nos pensamentos, questioná-los, procurar trocar pensamentos disfuncionais, por pensamentos funcionais, fazer atividade física, fazer boas leituras, ter boas horas de sono, manter uma alimentação saudável, meditar, orar, escutar música, conhecer novos locais, conversar com amigos, aceitar a realidade como ela é e não querer ficar idealizando-a. etc.

Como livrar-se das crenças e dos pensamentos disfuncionais

Quando se deparar com um pensamento disfuncional lhe perturbando, pergunte: “o que me comprova que isso é verdadeiro e vá questionando as respostas que vierem até esgotar. Verifique a que momentos da sua vida esses pensamentos estão lhe levando e por que estão lhe deixando desconfortável?

Não se culpe

Ao invés de ficar se culpando ou achando que “se” tivesse feito diferente poderia ser melhor, isso só lhe deixa desconfortável. Lembre-se que o “se” não nos leva a nenhum lugar, a não ser ao sofrimento.

Portanto, desapegue-se do “se” e lembre-se que você fez o melhor que poderia ter feito naquela situação, naquele momento. Aceite e pare de se culpar.

Seja mais leve consigo

Ao invés de ficar se culpando, se julgando e se cobrando, seja mais leve com você. Aceite-se como você é, perdoe-se, procure ter um olhar compreensivo, generoso para você.

Caso esteja descontente com alguma coisa em sua vida, tente mudar. Não esquente a cabeça com aquilo que não dá para mudar, apenas aceite.

Procure levar uma vida leve, trabalhando-se para cultivar a paz, o amor, a serenidade no seu dia a dia.

Desapegue-se

No momento que você se desapega daquilo que não lhe faz bem, você se sentirá mais leve e perceberá o quanto seu humor melhorará.

Lembre-se que só você pode escolher a forma como quer viver sua vida, visto que a responsabilidade dela é única e exclusivamente sua.




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